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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Atrás da Imperatriz - A Grã-Duquesa Maria Pavlovna - Primeira Parte

A família imperial russa em 1892

No início do século XIX, a Rússia não estava habituada a ter uma família real. Paulo foi o primeiro czar desde do século XVII a ter uma grande família e foi ele que definiu os Estatutos da Família que estabeleceram a ordem de sucessão, a religião e os casamentos dos seus descentes, algo que lhes viria a causar muita mágoa no futuro. A Revolta Dezembrista colocou os estatutos à prova pela primeira vez: depois de suceder ao trono de uma forma incerta, Nicolau I estava determinado a unir os seus filhos como se se tratassem de uma unidade disciplinada ao serviço da coroa. Um a um, à medida que foram chegando à idade adulta, os seus filhos foram chamados para prestar o Juramento de Lealdade, anunciando a sua fidelidade ao czar perante representantes do governo, da igreja e do exército - e cada um deles proferiu as palavras com sentimento. Nicolau criou uma família unida, impondo a sua autoridade. Alexandre II fortaleceu os laços entre si e os seus irmãos instituindo reuniões de família regulares que, aos poucos, foram atraindo uma nova geração para a "firma". Também fez questão de ter uma boa relação com os filhos dos seus irmãos. No entanto, as mulheres que entravam na família por casamento eram mais difíceis de dominar: o caso amoroso e o segundo casamento de Alexandre fizeram com que todas elas se afastassem e não temos forma de saber como seria a relação da família caso o czar não tivesse sido assassinado tão pouco tempo depois do casamento. No entanto, essa morte trouxe uma mudança ainda mais importante. Pela primeira vez, havia uma geração mais velha de príncipes Romanov, comprometidos por juramento a ser leais ao seu jovem sobrinho. Foi durante o reinado de Alexandre III que começaram a surgir as primeiras fissuras na unidade familiar que tinha sido criada pelo seu avô. A forma como tratou o grão-duque Constantino Nikolaevich mostrou a falta de confiança que tinha nos tios e, pior ainda, com o passar do tempo, também a sua relação com o seu irmão Vladimir começou a ser questionada. Vladimir era esperto e ambicioso e alguns diziam mesmo que tinha sido o filho favorito do seu pai. Logo desde a sua infância que a família sentia que Vladimir estava destinado a grandes feitos: o potencial para surgirem ciúmes e ressentimentos sempre esteve presente, mas só floresceu verdadeiramente quando ele se casou com uma princesa com um nível de ambição parecido com o dele. Ao recordar de forma incrível a corte de São Petersburgo, a rainha Maria da Roménia descreveu com as seguintes palavras o motivo pelo qual a sua tia 'Miechen', a grã-duquesa Maria Pavlovna da Rússia, era inesquecível:

A grã-duquesa Maria Pavlovna da Rússia
"Logo atrás da imperatriz [Maria Feodorovna] vinha a tia Miechen, mais deslumbrante do que um pôr-do-sol, com um vestido laranja bordado a ouro. Sempre que se mexia, as pérolas em forma de pêra no seu diadema balançavam graciosamente para trás e para a frente. Não era magra o suficiente para as linhas clássicas dos vestidos, mas veste as roupas melhor do que qualquer outra mulher presente. Os ombros dela eram sublimes e brancos como creme. Tinha um ar de inteligência que mais ninguém conseguia mostrar".

A grã-duquesa Maria Pavlovna (dir.) com a grã-duquesa Anastásia Mikhailovna na coroação de Nicolau II em 1896.
As palavras mais reveladoras nesta descrição são "atrás da imperatriz". Foi essa a posição que Maria ocupou e ressentiu durante grande parte da sua vida adulta. Algumas pessoas parecem nascer para ocupar uma posição mais importante do que aquela que o destino reserva para elas. Quando sentem esta limitação, os resultados podem ser desastrosos. A grã-duquesa Maria Pavlovna era uma dessas pessoas. Determinada, inteligente e imperial, teria sido uma imperatriz impressionante. Não foi feita para ser a esposa do segundo filho.

Maria Pavlovna com o marido, o grão-duque Vladimir Alexandrovich e os seus quatro filhos: Cyrill, Boris, André e Helena.
"Miechen" nasceu como duquesa Maria de Mecklemburgo-Schwerin, na primavera de 1854. Nasceu em Ludwigslust, uma residência de campo que ficava a sul da capital do grão-ducado. O ducado era um local calmo e rural que ficava na costa norte da Alemanha. Anos mais tarde, uma das cunhadas de Maria, a rainha Guilhermina dos Países Baixos [casada com o seu meio-irmão Henrique de Mecklemburgo-Schwerin], descreveu o território da seguinte forma: "com pouca gente, cheio de colinas e lagos, campos de milho e florestas". O ducado de Mecklemburgo-Schwerin que Guilhermina conheceu era hostil para com os seus vizinhos prussianos, mas, durante a infância de Maria, foi precisamente a influência prussiana que a dominou, algo que não é de admirar, tendo em conta que o verdadeiro poder em Schwerin estava nas mãos da formidável grã-duquesa viúva Alexandrina, irmã do rei da Prússia. Alexandrina dominava o seu filho, o grão-duque Frederico Francisco II, e deu estabilidade à sua neta, que teve uma infância cheia de tragédias. As duas tinham muitas parecenças. Alexandrina era uma mulher orgulhosa, abençoada com uma confiança absoluta em si mesma e na verdade das suas opiniões. Conseguia ser encantadora, mas, se alguém se metia no seu caminho, era absolutamente cruel.

Alexandrina da Prússia, avó paterna de Maria Pavlovna.
Maria foi a primeira filha do grão-duque. Antes, ele e a sua esposa, a princesa Augusta Reuss-Kostritz, tinham tido dois filhos: Frederico Francisco e Paulo Frederico e, depois de Maria, tiveram ainda mais dois rapazes, um dos quais morreu ainda pequeno. Maria perdeu a mãe quando tinha apenas sete anos de idade. As más-línguas disseram que o grão-duque recuperou da sua dor incrivelmente depressa e. pouco depois, já estava à procura de uma nova esposa. Durante algum tempo, parecia que os seus filhos teriam como madrasta a princesa Maria de Cambridge, que, mais tarde, se tornaria duquesa de Teck, mas nada aconteceu. Depois, em Maio de 1864, dois dias antes de a sua filha completar dez anos de idade, o grão-duque casou-se com a princesa Ana de Hesse-Darmstadt, sobrinha da czarina Maria Alexandrovna [e tia da futura imperatriz Alexandra Feodorovna].

Frederico Francisco II, pai de Maria Pavlovna, com a sua segunda esposa, a princesa Ana de Hesse-Darmstadt.
Tal como Maria, Ana era a única filha no meio de uma família de rapazes. Todos a adoravam, mas a princesa teve pouco tempo para causar impacto na sua nova família, uma vez que morreu ao dar à luz onze meses depois do casamento e seriam precisos mais quatro anos até o grão-duque conseguir encontrar uma nova mãe para os seus filhos. Durante esses anos, muito aconteceu na Alemanha. Enquanto a maioria dos príncipes alemães apoiou a Prússia com grande relutância durante a Guerra Austro-Prussiana de 1866, ou recusaram dar o seu apoio de todo, Frederico Francisco era um fervoroso apoiante de uma Alemanha unida sob a liderança da Prússia. Esta atitude causou ressentimento entre os seus vizinhos, mas ficar do lado vencedor fez com que Frederico preservasse o seu ducado e deu à sua família uma nova confiança e posição. No verão de 1868, o grão-duque casou-se pela terceira vez, desta vez com a princesa Maria de Schwarzburg-Rudolstadt, que era apenas quatro anos mais velha do que a sua filha.

Maria de Schwarzburg-Rudolstadt, a segunda madrasta de Maria Pavlovna.
A nova grã-duquesa era gentil e descontraída. Sem o orgulho e auto-estima da sua sogra, os seus gostos eram simples e impunha poucas regras na sua casa. Não existem registos do que ela pensava dos seus enteados nem do que eles pensavam dela, mas foi a sua chegada à família que quase decidiu o futuro de Maria. Em inícios de 1871, a princesa-herdeira da Prússia visitou Schwerin e reparou que estavam a decorrer negociações entre as famílias de Mecklemburgo e Schwarzburg. A 27 de Maio escreveu à rainha Vitória: "De certeza que já ouviste dizer que a Maria de Schwerin está noiva daquele idiota do Jorge de Schwarzburg (...) já foi anunciado oficialmente e foi tudo por cabeça dela. Ele parece-se mais com um ganso do que nunca". O "grande ganso" era o príncipe reinante de Schwarzburg-Rudolstadt, um primo em segundo grau da madrasta de Maria. Ele tinha trinta-e-três anos e Maria tinha acabado de fazer dezassete.

Maria Pavlovna em 1865
Os eventos que se seguiram ao longo dos anos seguintes colocaram Maria nas bocas de toda a realeza europeia. A ideia de se casar com Jorge de Schwarzburg tinha sido dela, mas, poucas semanas depois, foi também ela que decidiu romper o noivado depois de ter surgido uma oportunidade melhor. O grão-duque Vladimir Alexandrovich, terceiro filho do czar da Rússia, tinha vinte-e-quatro anos de idade, era culto, inteligente e possuía uma grande fortuna. O seu gosto exagerado pelas coisas boas da vida tinham prejudicado a cintura do grão-duque, mas ele continuava a ser atraente e, em Junho, fez uma visita à Alemanha com a sua família. Maria ficou impressionada e o pobre Jorge de Schwarzburg acabaria por ficar solteiro o resto da vida.

Maria Pavlovna em 1872
A grã-duquesa viúva pode ter tido alguma influência nesta mudança de opinião: se a princesa-herdeira da Prússia tivesse razão, Jorge não era um grande partido. Alexandrina tinha grandes ambições para a sua família e sentia uma simpatia profunda pela Rússia e tia-avó de Vladimir [a sua irmã mais velha, Alexandra Feodorovna, nascida Carlota da Prússia, era esposa do czar Nicolau I]. No entanto, romper um noivado era um passo perigoso. Toda a gente ficou a saber que Maria estava interessada em Vladimir, no entanto o anúncio do noivado tardava em chegar.

Vladimir Alexandrovich
Quando chegou o ano novo, a jovem duquesa foi considerada novamente "disponível". Em Janeiro de 1872, a rainha Vitória estava preocupada com essa ideia, uma vez que o seu filho favorito, o príncipe Artur, estava prestes a viajar até à Alemanha para conhecer princesas adequadas para se casar. Estaria em segurança? A rainha deu instruções muito claras ao seu tutor. Segundo ela, dizia-se que Maria "era muito bonito, mas também uma grande coquette que deitou fora a oportunidade de se casar com um príncipe de quem estava noiva para tentar conseguir um grão-duque russo. É bem possível que tente apanhar o príncipe Artur, mas não deve ser considerada". Chegou a primavera e depois o verão e mesmo assim o noivado com Vladimir ainda não era oficial, apesar de ele também estar interessado em casar-se com ela. Em Novembro, a princesa Alice contou à rainha Vitória o motivo: "a imperatriz da Rússia acabou de me escrever a informar-me que o noivado com a Maria de Mecklemburgo é completamente impossível uma vez que ela não quer mudar de religião. Espero que todas as outras princesas alemãs lhe sigam o exemplo".

Maria Pavlovna com a sua irmã mais nova, Ana, que morreu antes de chegar à idade adulta.
A determinação que se iria destacar em Maria muitos anos depois já se começava a notar. Depois de ter desistido da possibilidade de se tornar numa princesa reinante, ainda que de um principado menor, para ficar com Vladimir, agora mostrava que apenas o iria fazer se a união fosse realizada segundo os seus próprios termos. Teve de esperar quase dois anos: 1873 chegou e passou e parecia cada vez mais impossível chegar a um acordo. No entanto, com o chegar de uma nova primavera, os muros começaram finalmente a ruir. Alexandre II escreveu ao grão-duque Frederico Francisco a dar a sua permissão para que Maria se casasse com o seu filho. Depois de abrir uma excepção aos rigorosos estatutos da família Romanov, o czar deu também permissão para que Maria mantivesse a sua religião luterana sem que Vladimir perdesse os seus direitos de sucessão ao trono. (Actualmente, alguns membros da família Romanov contestam esta versão dos acontecimentos e afirmam que os seus parentes mais velhos lhes contaram que Vladimir assinou um documento secreto de renuncia ao trono para se poder casar com Maria. No entanto, nunca surgiu nenhuma prova de que tal tivesse mesmo acontecido). O noivado foi anunciado em 1874 e foi muito bem recebido na Alemanha, onde a atitude forte de Maria foi vista como uma grande vitória. As filhas mais velhas da rainha Vitória concordavam com essa opinião, mas mostravam também uma certa cautela. Alice tinha discutido o assunto com a mãe de Vladimir e tinha a certeza que a czarina tinha cedido à ideia do noivado contrariada. A princesa-herdeira previu que a situação iria acabar em conflito: "Não acho que o casamento da Maria de Schwerin com o Vladimir tenha grandes hipóteses de ser feliz", escreveu ela, "e ser de outra religião num país tão preconceitoso vai, sem dúvida, dificultar-lhe muito a vida". 

Fotografia do noivado entre Maria e Vladimir
É possível que o próprio czar tivesse as suas dúvidas. A sua decisão não foi popular dentro da família nem na sociedade. Ninguém queria que os seus adorados costumes e tradições fossem contrariados por uma jovem estrangeira. Vladimir e Maria casaram-se no Palácio de Inverno em Agosto e, provavelmente, não foi por acaso que a cerimónia se realizou no pico do verão. O embaixador britânico na Rússia, Lord Augustus Loftus, escreveu que "nesta época do ano, a cidade está praticamente deserta e, por isso, só vieram [ao casamento] aqueles que eram obrigados". A irmã de Vladimir, a grã-duquesa Maria Alexandrovna, tinha-se casado com o príncipe Alfredo do Reino Unido sete meses antes e Lord Augustus comparou as duas cerimónias de forma bastante desfavorável. Até a cerimónia protestante, pela qual Maria tanto tinha lutado, "pareceu muito aborrecida, quando comparada com a magnifica missa russa. Felizmente, não durou muito tempo".

A grã-duquesa Maria Pavlovna pouco depois da sua chegada à Rússia.
No entanto, apesar de tudo, o embaixador mostrou grande admiração pelo mais recente membro da família imperial. "A jovem grã-duquesa é uma personagem superior. Não é muito bonita, mas é extremamente intelectual e com um porte gracioso e digno. No Te Deum pelo aniversário do imperador, permaneceu sempre erecta enquanto todos os outros se ajoelhavam e faziam o sinal da cruz. Aqui é uma surpresa uma princesa estrangeira casar-se com um grão-duque e manter a sua religião, mas é um processo ao qual se terão de habituar, senão, em breve, não haverá esposas para os grão-duques russos".

Maria Pavlovna
Maria tinha chegado a São Petersburgo com a determinação de enfrentar a hostilidade de frente e com a cabeça erguida. Havia um tom de desafio até no patronímico que escolheu: "Pavlovna" era uma homenagem não só ao seu avô, o grão-duque Paulo Frederico de Mecklemburgo-Schwerin, mas também ao avô dele, o czar Paulo I da Rússia. O nome era uma lembrança constante de que Maria era também uma descente directa dos governantes mais poderosos da Rússia. A grã-duquesa considerava-se igual em estatuto ao marido e o resto da família costumava até dizer que ela era uma eslava mais autêntica do que eles, devido às origens eslavas da sua família. Segundo um amigo, o príncipe von Bulow, Maria achava piada ao antigo rumor de que o seu marido, os irmãos e a irmã dele não eram, na verdade, descendentes do grão-duque de Hesse-Darmstadt, mas sim de um dos seus oficiais da corte.

Vladimir Alexandrovich e Maria Pavlovna
No entanto, o casamento em si valeu a pena toda a luta. Quando era solteiro, Vladimir tinha fama de playboy, mas a sua personalidade e a de Maria eram muito semelhantes e o escândalo nunca tocou a sua relação. Eram felizes e, inicialmente, Maria adoptou com prazer o estilo de vida sumptuoso do marido: Vladimir foi o primeiro grão-duque a levar a sua esposa directamente para um palácio construído de propósito para ela. Na barragem do Neva, o local mais prestigiante de São Petersburgo, tinha mandado construir o Palácio de Vladimir, o edifício novo mais luxuoso da capital, com todas as funcionalidades mais recentes, decorado em grande. Poucas semanas depois de se instalar, Maria tinha já encomendado novas fardas de verão vermelhas para os criados.

Maria Pavlovna
No Natal, o casal encontrava-se em Czarskoe Selo, onde ficou durante algum tempo antes de regressar à cidade para uma ronda de festas que lhes ocupou o ano até à Quaresma. Nessa altura, Maria começou a sentir os sintomas da sua primeira gravidez e, em Julho, a sua avó viajou até São Petersburgo para assistir ao parto. O bebé, um rapaz, nasceu de boa saúde em Czarskoe Selo em finais de Agosto e recebeu o nome de Alexandre em honra do seu avô, o czar. Embora muitos membros da família continuassem a tratar Maria friamente, o seu sogro sempre a tratou com grande carinho e ela nunca o esqueceria.

Maria com o seu filho Kyrill
Em Outubro de 1876, Maria deu à luz o seu segundo filho, Kyrill, no entanto, pouco tempo depois, seguiu-se uma tragédia: o pequeno Alexandre morreu em Março de 1877. Como forma de a compensar, discretamente, o czar Alexandre II nomeou-a chefe do 37.º Regimento de Infantaria. Maria sabia cavalgar muito bem e gostou da oportunidade de participar na inspecção das tropas com o marido. Antes do final do ano, deu à luz o seu terceiro filho, Boris, e dois anos depois, um quarto filho, André. A sua única filha, Helena, nasceu em 1882. Os seus quatro filhos eram crianças bonitas e os pais sentiam-se imensamente orgulhosos deles. A cada dois ou três anos, costumavam levá-los até Schwerin. Kyrill recordou mais tarde uma ocasião na qual a grã-duquesa Alexandrina se vestiu de gala, sem esquecer as suas ordens e medalhas, para jantar com as crianças no berçário, tratando-o a ele e aos irmãos como se fossem monarcas estrangeiros numa visita de estado. Maria fortaleceu os laços entre as duas famílias quando apresentou o seu irmão mais velho, Frederico Francisco, a uma das primas de Vladimir, a grã-duquesa Anastásia Mikhailovna. Os dois casaram-se em 1879.

Maria Pavlovna com o seu irmão Frederico Francisco.

Texto retirado do livro "Romanov Autumn" de Charlotte Zeepvat

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